Comboio no Douro

 

A bordo do Comboio Histórico do Douro.

Para quem visita o Douro, e alia à vontade de conhecer a região o desejo de experimentar a Linha do Douro, o Comboio Histórico é uma opção obrigatória. O nosso amor pela região vinícola do Douro é antigo e, diga-se, inteiramente justificado. O que a natureza e o esforço humano criaram em conjunto no Douro tem sido complementado, nos últimos anos, pelo desenvolvimento turístico da região, em particular no que toca ao enoturismo. Quanto aos encantos da Linha do Douro, eles são bem conhecidos, quer do público em geral, quer dos amantes de viagens de comboio.

Quando chegámos à Estação da Régua, a locomotiva a vapor 0186, construída em 1925, já deitava fumo e apitava, presa a cinco carruagens clássicas, em madeira. O comboio partiu à hora prevista, seguindo para montante do Rio Douro. As carruagens iam completamente cheias, e sentia-se o entusiasmo das pessoas, novas e velhas, umas recordando as experiências do passado, outras antevendo momentos de uma aventura que estava prestes a começar. E ninguém fica indiferente ao Comboio Histórico do Douro, até aqueles que acenam à sua partida ou à sua passagem por estações e apeadeiros, ou até de barcos que passam no rio.

A bordo das carruagens, o entusiasmo dos passageiros vai sendo mimado pela animação de um grupo de música e cantares tradicionais da região e um brinde com um Porto Ferreira. Mas a estrela da companhia é mesmo a viagem e o Comboio Histórico. Repartimos a nossa atenção pelo que passa correndo lá fora, o rio Douro e as suas margens maravilhosamente trabalhadas, mas também pelos pormenores do comboio, os sons das rodas nos carris, o vento a bater-nos na cara, o silvo da locomotiva, o fumo negro que marcava a passagem do comboio. Parámos na estação do Pinhão, com lindíssimos painéis de azulejos.

Seguimos em direção ao Tua, a paragem terminal do Comboio Histórico, e onde teríamos uma pequena mostra de produtos regionais no espaço da estação do Tua. O Tua faz lembrar um apeadeiro do Oeste americano, selvagem e belo, cru e enigmático. A partir dali, as vinhas fazem uma pausa, pois as margens do Rio Douro tornam-se mais agrestes e rochosas, regressando mais a montante. A locomotiva é novamente abastecida de água, e passa para o outro extremo das carruagens, ficando pronta para a viagem de regresso.

Estávamos de regresso à Régua e tinha sido uma viagem fantástica. O Douro é assim, fica-nos no coração, independentemente da idade, sabendo sempre surpreender-nos e exceder as nossas expetativas.

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