A história submersa não deixa de ter sido.
Não deixa o relato ou o passo da memória, num friso cronológico humano já de si vulnerável, como o presente: de oferta ao resultado do progesso; de tempo, à evolução lógica de espera pelo testemuho, tão presentemente em voga…
O Tua, o Vale do Tua, a Linha do Tua modifica-se: lógica do tempo, todavia erosão fundamentalmente humana. Nos ultimos anos parte da história, talvez, descanse e desapareça, sob as águas que carregam o seu nome.
Terá sido para melhor? Conveniente? Terá ficado pior? Não vamos estender aqui as linhas curvas do subjectivo pensamento humano ou opinar sobre a razão de cada um de nós. O Vale do Tua faz parte do Alto Douro Vinhateiro. Com uma geografia esplêndida, envolvida pelo rio, é um território que se estende desde do vale do rio Pinhão até ao limite oriental de Carrazeda de Ansiães, limite este onde a Quinta de Brunheda se encontra, num local perfeito para a produção de vinhos de excelente qualidade. Concluída em 1880, a linha do Tua foi construída na rocha escarpada estando agora, parte, submersa pela barragem aprovada para Foz-Tua. O Tua, que corre 100 metros acima do nível do mar, é ladeado por escarpas que chegam aos 676 metros de altura e blocos de granito com centenas de metros de diâmetro. A Linha do Tua é uma ligação ferroviária de via estreita que ligava Foz Tua, na Linha do Douro, até à cidade de Bragança, na região de Trás-os-Montes. A linha tinha 134 quilómetros de extensão e acompanhava o percurso sinuoso do vale do rio Tua desde a sua foz no rio Douro até Mirandela. A partir daí, atravessava o planalto transmontano a uma altitude cada vez maior, passando pela estação a maior altitude do país até à descida em Bragança.
A maioria da linha encontra-se encerrada e está em funcionamento apenas um troço com 16 quilómetros ao serviço do Metropolitano de Mirandela.